Terapia Familiar
Indicada para:
A Terapia Familiar constitui uma abordagem que realiza sessões conjuntas com vários elementos da família. É uma abordagem ativa e orientada para a obtenção de resultados num prazo curto.

É indicada para as situações em que se deseja uma mudança de funcionamento da família. Alguns exemplos são as situações de: 1) Dificuldades numa relação (dificuldades conjugais, incluindo as sexuais, dificuldades entre pais e filhos ou entre irmãos); 2) Dificuldades de separação / aproximação; 3) Problemas de uma criança ou um adolescente; 4) Crise familiar; 5) Mais do que um elemento da família a necessitar de acompanhamento; 6) Melhoria de um elemento da família que coincide com o desenvolvimento de sintomas em outro ou com a deterioração da relação entre eles.

Contudo, é raro que as famílias procurem ajuda em conjunto e queixando-se da forma como funcionam. Mais frequente é que alguém procure ajuda (ou seja trazido até essa ajuda) por causa de determinado sintoma, e que se torne claro que o sintoma dessa pessoa se relaciona com o funcionamento da sua família e/ou «exprime» o sofrimento dessa família. Nestes casos, é o terapeuta quem propõe o envolvimento de outros elementos da família.


Origens:
Por contraste com as Terapias Individuais, que incidem sobre o que se passa dentro do indivíduo, as Terapias Familiares incidem sobre o que se passa entre os indivíduos. A designação Terapia Familiar é utilizada para nomear um conjunto de abordagens que utilizam sessões conjuntas com os elementos de uma família, com o objetivo de modificar o funcionamento dessa família. A Terapia Familiar desenvolveu-se após a década de 50, partir de um conjunto de abordagens, como a Escola Transgeracional de M. Bowen, C. Whitaker e I. Boszormenyi-Nagy, a Escola Estrutural de S. Minuchin e as Escolas Estratégicas de Milão e de Palo Alto.
Conceitos:
Todas as abordagens da Terapia Familiar coincidem na visão de um determinado sintoma (por exemplo, a depressão de uma mãe, o alcoolismo de um pai, o comportamento rebelde de um filho… ) como produto não de uma patologia individual (da mãe, do pai, do filho…) mas de uma disfunção da família (da forma como eles interagem). As várias abordagens diferem, contudo nos conceitos que utilizam para descrever o funcionamento da família. Nomeadamente:

Escola Transgeracional: Vê o sintoma como tendo origem em factos da história da família, e da cultura familiar, transmitidos de geração em geração (os segredos, os mitos, as lealdades…). Por exemplo, um terapeuta transgeracional poderá colocar a hipótese de que a infidelidade de um marido se relacione com aspetos da sua cultura familiar relativamente à relação conjugal («o meu pai, o meu avô e o meu bisavô também tiveram várias mulheres»)
Escola Estrutural: Vê o sintoma como produto da estrutura da família, ou seja, da forma como os seus elementos se posicionam uns face aos outros (os subsistemas conjugal, parental, filial e fraternal, as fronteiras e limites difusos ou impermeáveis, as alianças e coligações, os conflitos…). Por exemplo, um terapeuta estrutural poderá colocar a hipótese de que o comportamento rebelde de um filho se relacione com um problema de autoridade na família, expresso na coligação do filho com a mãe face ao pai.
Escola Estratégica: Vê o sintoma como mantido por padrões de interação específicos e repetitivos entre os elementos da família (o «jogo familiar»). Por exemplo, um terapeuta estratégico, poderá colocar a hipótese de que as dificuldades da filha com a alimentação se relacionem com o facto de a sua recusa em comer gerar discussões entre os pais durante as refeições.

Técnicas:
A terapia familiar realiza-se em sessões conjuntas com vários elementos da família. A intervenção é de curto prazo e orientada para resultados. Comparativamente com as terapias individuais, as sessões são mais espaçadas entre si. Frequentemente envolve tarefas a realizar pela família entre sessões. Todas as abordagens da terapia familiar partem da formulação de uma hipótese sobre a forma como o sintoma se articula no funcionamento da família, e centram a sua intervenção na mudança desse funcionamento.

Escola Transgeracional: Promove a identificação e análise dos padrões repetitivos e disfuncionais do passado, de forma a integrá-los no presente, produzindo mudanças no futuro. Recorre ao genograma, uma representação gráfica da família ao longo de pelo menos três gerações, incluindo a estrutura da família, as informações mais importantes sobre esta e as relações entre os seus elementos. A partir deste trabalho, é possível intervir de outras formas. Por exemplo, considerando a «herança» (simbólica) recebida dos seus antepassados, o marido poderia decidir se a quer para a sua vida e, concluindo que não, optar por a «devolver» (simbolicamente)
Escola Estrutural: Promove a alteração das posições relativas de cada elemento na estrutura familiar e, dessa forma, a mudança das suas experiências na família. Recorre ao mapa familiar, que representa as posições relativas dos elementos na família, revelando alianças, coligações e conflitos explícitos e implícitos. A família faz a demonstração na sessão de episódios relevantes, e o terapeuta propõe alterações na estrutura da família. Por exemplo, o terapeuta poderia propor que as decisões relativas ao filho fossem tomadas e comunicadas por ambos os pais em conjunto.
Escola Estratégica: Promove a mudança dos padrões de interação específicos e repetitivos que agem de forma a manter o sintoma. Recorre ao questionamento circular, em que cada elemento da família é questionado sobre a forma como vê a relação entre outros dois, e é suscitada informação mais detalhada sobre os padrões de interação habituais. Pode envolver a prescrição de tarefas que permitam uma experiência nova dos padrões de interação habituais. Por exemplo, o terapeuta poderia propor que, até à sessão seguinte, as dificuldades da filha com a alimentação fossem geridas pela mãe nos dias ímpares e pelo pai nos dias pares.


Texto elaborado por Ana Catarina Dias - Psicoterapeuta



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